terça-feira, 28 de julho de 2009

Nota à margem: Príncipes e filósofos

No meu artigo no jornal Notisul de 23 de julho, Pé da serra: traço de união ou linha de fronteira?, fiz uma referência de memória a um trecho de Platão, que vale a pena citar na íntegra. Trata-se um fragmento do Livro V de “A República”, que estou traduzindo da edição inglesa de 1871, de Benjamin Jowett*. No Livro V, o diálogo passa-se entre Sócrates, Glaucon e Adeimantus, e nosso trecho, naturalmente, repete a fala de Sócrates, mestre de Platão:

"Enquanto os filósofos não forem reis, ou os reis e príncipes deste mundo não tiverem o espírito e o poder da filosofia, e a grandeza política não se fundir com a sabedoria; e enquanto os de natureza vulgar que perseguem os demais para excluí-los não forem obrigados a afastar-se, nem as cidades nem a raça humana – assim acredito – terão descanso de seus males; só nesse momento o nosso Estado terá uma possibilidade de vida e de contemplar a luz do dia."

Do mesmo modo, referi nesse mesmo artigo que o termo “academia” se deve a Platão, o que é verdade pelo uso da palavra, embora ele já existisse anteriormente, porque se trata de um local: Akademia era o nome de um santuário, a norte da cidade de Atenas, consagrado à deusa da sabedoria: Atena. Foi nesse local que, cerca de 385 a.C., segundo se pensa, o grande sábio implantou sua escola filosófica, dedicada à busca do saber e das formas mais elevadas do conhecimento, que, por esse motivo, passou da contemporaneidade platônica para a História com o nome de Academia.


(*) Until philosophers are kings, or the kings and princes of this world have the spirit and power of philosophy, and political greatness and wisdom meet in one, and those commoner natures who pursue either to the exclusion of the other are compelled to stand aside, cities will never have rest from their evils, - nor the human race, as I believe, - and then only will this our State have a possibility of life and behold the light of day.

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